Fonte: Agência Minas
Estádios mais confortáveis, mais seguros e também sustentáveis. Esse é o patrimônio esportivo que o povo mais apaixonado por futebol do mundo vai herdar da Copa de 2014. No quesito práticas sustentáveis, o Governo de Minassegue à risca as exigências, na busca pelo selo verde.
O Estádio Governador Magalhães Pinto (Mineirão) é um dos poucos até agora a contratar um serviço de consultoria Leed (Leadership in Energy and Environmental Design), habilitado a acompanhar obras para comprovar que são priorizadas práticas sustentáveis junto ao conselho do Green Building Council Institute (GBCI), organização com sede nos Estados Unidos que confere a certificação. Fazer o registro para obtenção desse certificado é obrigatório aos que pretendem ter acesso à linha de financiamento do BNDES. Esse registro foi feito junto ao GBCI, em dezembro de 2009. Para a inscrição, exige-se apenas o pagamento de uma taxa e dados da empresa.
“Várias sedes já fizeram esse registro, mas ir adiante com a meta de obter o certificado verde vai depender de cada um. Em Minas Gerais, estamos batalhando para isso e vamos até o fim”, afirma o secretário de Estado Extraordinário da Copa do Mundo, Sergio Barroso.
O Mineirão pretende conquistar o certificado “Nova Construção e Renovação Principal” (New Construction and Major Renovation), conferido a projetos de reconstrução. A avaliação da obra está baseada em critérios como localização sustentável, eficiência no uso da água, energia e atmosfera, materiais e recursos e, por último, qualidade do ambiente interno.
Desde o início das obras no Mineirão, em 2010, existe o controle dos processos e registro rigoroso dos documentos exigidos para a certificação, tendo o acompanhamento das práticas no local por um profissional habilitado com o credenciamento “Leed AP”, requisito obrigatório para a certificação.
Além de reduzir o impacto ambiental, uma obra que adota as práticas do selo Leed acaba se tornando econômica. “Esse investimento é refletido no custo de energia e economia de água, visto que as práticas adotadas reduzem drasticamente o consumo”, explica Ricardo Barra, presidente da empresa Minas Arena, responsável pela modernização e operação do Mineirão nos próximos 25 anos.
Com a previsão de cumprimento rigoroso do cronograma, com a inauguração do Novo Mineirão em dezembro de 2012, possivelmente o Mineirão será o primeiro estádio certificado.
Reaproveitamento
A busca pela certificação Leed implica pequenas, médias e grandes ações. Tudo o que é possível é reaproveitado. O entulho da obra, por exemplo, vai para uma máquina que separa o aço e transforma o restante em brita. Os “novos” produtos voltam para a obra. Os 16 mil m² de grama retirados do Mineirão foram doados ao Plug Minas, um projeto de inclusão social do Governo do Estado. As 55 mil cadeiras deixaram Belo Horizonte e foram distribuídas em diversos estádios municipais do interior de Minas Gerais.
Economia de luz e água
O Novo Mineirão contará com um reservatório para aproximadamente seis mil m³ de água de chuva, quantidade suficiente, em caso de estiagem de três meses, para descargas dos sanitários, irrigação do gramado e jardins, e limpeza das áreas externas. Com a economia gerada, em três anos haverá compensação financeira para esse investimento.
A captação de energia solar, por meio de células fotovoltaicas instaladas na cobertura existente e na nova cobertura, vai permitir geração de energia elétrica. Essas placas terão potência de 1 megawatt, o suficiente para atender a 750 residências de médio porte.
Compensações
Minas Gerais quer ser referência como sede da Copa também na redução de emissão de gás de efeito estufa. Já foi dado o primeiro passo para elaboração de um inventário com todas as ações que emitem esses gases. Essa é a primeira providência para estabelecer em seguida ações de compensação. “Como pensamos no pós-Copa, no legado, nos benefícios que o Mundial pode gerar para a população, queremos compensar a emissão dos gases de efeito estufa, por exemplo, com recuperação florestal, investimentos em geração de energia renovável ou medidas que promovam eficiência energética”, sugere Barroso.
Choque verde
Além do Mineirão, outras iniciativas mostram a importância do meio ambiente em Minas Gerais. Belo Horizonte é a primeira capital do Brasil livre das sacolinhas plásticas. Estima-se que pelo menos 70% da população já tenha aderido às bolsas ecológicas.
Já no âmbito estadual, um programa pioneiro em Minas Gerais é o Bolsa Verde, incentivo financeiro concedido aos produtores rurais que preservam o meio ambiente. Recebem o benefício produtores que recuperam, preservam e conservam áreas necessárias à proteção das matas ciliares, à recarga de aquíferos e à proteção da biodiversidade e ecossistemas especialmente sensíveis.
A prioridade é para agricultores familiares e pequenos produtores rurais. Também são contemplados produtores cujas propriedades estejam localizadas no interior de unidades de conservação e, dessa forma, sujeitas à desapropriação.
“O programa tem uma vertente de prêmio e outra de auxílio para aqueles que precisam de recursos para produzir em outras áreas da propriedade”, explica o secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Adriano Magalhães. “O principal objetivo do pagamento por serviços ambientais é compartilhar com o produtor que efetivamente faz o serviço ambiental”, avalia.
Outra iniciativa de vanguarda em Minas Gerais é o Programa Ambientação, coordenado pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam). O programa de comunicação e educação ambiental desenvolvido em prédios públicos incentiva a redução do uso de papel, copos descartáveis, água e energia elétrica. Outro enfoque é a coleta seletiva. No primeiro semestre de 2011, foram encaminhadas para a reciclagem cerca de 300 toneladas de resíduos pelas instituições participantes, com geração de renda estimada de R$ 110 mil para as associações de catadores.
O Ambientação tem como objetivo promover a sensibilização para a mudança de comportamento, a internalização de atitudes ambientalmente corretas no cotidiano dos funcionários públicos e a melhoria da qualidade de vida no ambiente de trabalho. Hoje o programa está presente em cerca de 80% das sedes das instituições do governo (são mais de 70 instituições e 80 edificações participantes, entre secretarias, autarquias, fundações e empresas públicas).
Quebrando paradigmas
É preciso destacar também que o Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), desde 2008, vem quebrando o paradigma de que as compras públicas devem optar sempre pelo menor preço nas licitações. As ‘compras sustentáveis’ levam em conta o ciclo de vida do produto, o que significa às vezes pagar mais caro na compra para economizar no futuro. Essa é a justificativa, por exemplo, para a substituição de lâmpadas incandescentes por fluorescentes. As fluorescentes são 15% mais caras, mas a economia de energia compensa a diferença. Em 2009, o governo lançou a “Cartilha de Compras Sustentáveis” consolidando exemplos de compras públicas sustentáveis.
“É dever do Estado preocupar-se com a sustentabilidade, dar o exemplo e multiplicar o conceito”, defende a secretária de Estado de Planejamento e Gestão, Renata Vilhena. O catálogo de compras do governo mineiro inclui uma série de itens que estão dentro dos padrões de sustentabilidade, já em uso na administração pública de todo o Estado, como papel reciclado, monitores de computadores mais econômicos, asfalto feito a partir da borracha de pneus velhos. Além disso, é utilizado café com garantia de origem nas repartições e até mesmo ao renovar a frota oficial de automóveis, opta-se por veículos flex. “Estamos incluindo uma série de outros itens ao catálogo de materiais e serviços em revisões periódicas porque sempre há novos produtos entrando no mercado. A meta final é sempre a economia de água e energia elétrica, a durabilidade, a biodegradabilidade e a reciclagem”, explica Renata Vilhena.
Assista ao vídeo sobre as ações de sustentabilidade nas obras do Mineirão www.novomineirao.mg.gov.br/videos.php.